London - Day 8
Outro dia a sair cedo de casa. Era a minha última ida a Londres - o meu passe de sete dias chegava ao fim e, honestamente, o dinheiro estava demasiado curto - e, teoricamente, as hostilidades começariam no Imperial War Musem antes de uma ida ao Soho, Oxford Street e por aí fora... Mas como eu disse, isto foi na teoria.Com a máquina, o London A to Z, a merenda e a garrafita de água Evian na mochila, fiz o caminho até Waterloo e dali caminhei em direcção ao dito museu. Depois de umas fotografias cá fora, de uns canhões brutais com uns obuses que me davam pelo peito, coloquei o pé no interior do mueseu eram exactamente 10h27. Fixem bem este dado...
Antes de mais, devo explicar aqui que sou um grande entusiasta por História, sobretudo o período relativo às I e II Guerras Mundiais, bem como o entre-guerra e o pós-II Guerra. Quando miúdo, ainda no Rio de Janeiro, lembro-me de uma visita a um navio de guerra com o meu pai e tenho em casa fotos tiradas dentro de um tanque, com a minha metralhadora de plástico nas mãos, etc...
Creio que todos os rapazes, em determinada altura da vida, têm este fascínio por veículos de guerra e afins (outros como o Bush e o Bin Bin continuam a ter este entusiasmo mesmo quando já crescidos) e eu, ao entrar no Imperial War Museum estava no meu ambiente... Havia de tudo: um Spitfire, um Stuka, uma réplica de um V2 lançado sobre Londres, o tanque utilizado pelo Montgomery no confronto dos seus Desert Rats contra o Afrikakorps de Rommel, uma réplica de uma bomba idêntica ao 'Little Boy' que foi lançado sobre Hiroshima, metralhadoras, canhões variados... Enfim, um encanto para os meus olhos.E claro, eu ia lendo tudo ao detalhe, ia apreciando cada pedacinho da exposição. Mas isto era só o aperitivo. O bom, este, veio a seguir. Desci umas escadas e comecei a seguir o percurso da exposição sobre a I Guerra. Sim, porque era de facto um percurso, com tudo muito bem alinhavado, muito claro, bem explicado e, sobretudo, completíssimo. Só para vos dar uma ideia, a dada altura desta primeira parte, temos a oportunidade de experimentar o que era a vida nas trincheiras onde se lutaram muitas das batalhas do confronto de 1914-18.
Seguiu-se a exposição sobre a II Guerra Mundial e uma vez mais foi algo de arregalar a vista. Garanto-vos que nunca vi nada de tão completo e tão bem explicado como ali no Imperial War Museum. Fardas, pistolas, espingardas, cartas, objectos pessoais de verdadeiros intervenientes no conflito... Tal como acontecia para a I Guerra, para este período da história também havia um momento "experimente por si próprio": numa secção do piso -1 do museu, foi recriada aquilo que seria uma noite para os cidadãos de Londres durante a II Guerra, com a famosa blitz.
Não só entramos num bunker (com bancos que abanaram quando se simulou a explosão de um V2 ali perto), mas também mostraram como eram os prédios demolidos e, isto então deixou-me abismado, até os cheiros de pólvora, de pó e aquele ar pesado que se teria respitado num dos abrigos havia... Fabuloso!
Mas o meu grande momento veio depois... Sim, foi já no fim da exposição sobre a II Guerra, numa altura em que estava a pensar no que haveria de ver a seguir... Olhei e de início até pensei que era uma cópia... Mas não, lá estava a águia de bronze que pontificava na fachada principal da Chancelaria do Reich quando o edifício foi tomado de assalto pelos russos, nos últimos dias da guerra e da batalha de Berlim. A águia, ainda com as marcas das balas que se dispararam de um lado e de outro durante aqueles dias... Uma porção da História mundial ali à minha frente que tive que tocar e fotografar... Ainda agora arrepio-me só de reviver o momento.Mas eu tinha ido ali, porque me fora dito que havia uma excelente exposição sobre o Holocausto, pelo que, depois de palmilhar cada pedacinho do -1, lá fui em direcção ao andar da referida 'exibition'. E sim, foi a melhor apresentação do que foi o Holocausto que alguma vez vi. Nada de "toma lá campo de concentrações e tipos magros para ficares com peninha"... Nada disso... Uma exposição que começa no pós-guerra, na vida dos judeus antes, durante e no pós Hitler. Verdadeiramente incrível e simplesmente arrebatador. Eu por muito que queira, creio que não conseguiria colocar aqui em palavras o quão bom aquilo foi...
Posso apenas dizer que após ter visto tudo aquilo, saí do espaço e voltei a ligar o meu telemóvel (era obrigatório desligá-lo antes de entrar no espaço da exposição) para tentar ver se tinha passado muito da minha hora de almoço. É que parecendo que não, já estava com a barriga a dar horas e não percebia bem porquê... Pois bem, ao olhar para o telemóvel, até me ia dando uma coisa... 17h01!! Eu estive mais de seis horas e meia dentro do museu, sem almoçar e mal me tinha dado conta do tempo a passar. Tendo já visto praticamente tudo no museu, lá fui eu, de sandocha em punho (ainda comi uma salada, um quarter pouder e uma cola no Mac da estação de Waterloo), de volta para os comboios que me iriam levar a Richmond.
Chegava ao fim as minhas deambulações londrinas e esperavam-me agora dois dias para relaxar, recuperar as forças e sono em atraso. Honestamente, foi o meu melhor dia em Londres. Só estive num único museu, mas valeu por todos os museus visitados até então. Só lá faltou...
"A lealdade e o respeito são uma forma de vida"
Aniki

2 Comments:
passei para dar um OI =)
**
Retribuo o 'oi' e suspiro de alívio... Já estava a pensar que ninguém mais parava por estes lados ;o)
Beijocas Paulinha **
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