2007-04-17

Leviandade...

... s. f.: falta de juízo ou de ponderação; acto de leviano; irreflexão; inconsideração.

Ainda quanto ao assunto do post de ontem. Descobri hoje o motivo que levou a dita pessoa a deixar de ter sequer a boa educação de falar comigo. Era tão fácil colocar aqui o nome e dizer letra por letra de quem se tratava... Mas era também uma certa forma de vingança e não tenho de vontade alguma para isso.

Vou apenas dizer que os propósitos que esta pessoa teve para justificar a sua posição mostram uma tremenda e incalculável leviandade. E ñão, não foi a dita cuja a contar-me, mas tratou-se antes de uma espécie de investigação jornalística. O disparate não foi sobre o passado mais recente, coloquemos a coisa assim, mas sobretudo quanto ao que aconteceu há um ano. Aliás, esta pessoa acabou por justificar o seu acto perante outras pessoas com palavras que vão mais ou menos assim: "Tomei a mesma atitude que os amigos mais chegados dele tomaram relativamente à ......."!

Pensando nisto, não deixei de ficar com a ideia de que isto soava um tanto ao quanto a uma forma algo baixa de vingança. Fiz umas pesquisas e dei com uma citação de Joseph Roth, um ensaísta austríaco que escreveu na obra "A Cripta dos Capuchinhos", a seguinte frase: "Não existe nobreza sem generosidade, assim como não existe sede de vingança sem vulgaridade".

Vulgar, do Lat. vulgare, adj. 2 gén.: relativo ao vulgo; comum;[...]; ordinário; medíocre.

E por aqui me fico...

Aniki

1 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Aniki, a respeito do teu post:
Outro dia, ao conversar com uma amiga, ela me contava sobre o fim do seu relacionamento. Falava sobre o quanto estava triste, o quanto havia ficado angustiada e decepcionada com a conversa que tiveram quando ele decidiu romper o namoro.
Como é costume, percebi que aquele desabafo servia para que ela se sentisse um pouco melhor, afinal, num momento como esse, tudo o que desejamos é um pouco de amparo e acolhimento daqueles que gostamos e em quem confiamos.
Nossa conversa seguia muito bem até que ela fez um comentário - infelizmente, nem tão raro quanto deveria ser. Como a maioria das pessoas faz após uma briga ou um rompimento, ela também se queixou de um comportamento que teve diante dele, enquanto a delicada e dolorosa decisão era tomada.
Disse que de tudo o que acontecera, do que mais se arrependia era de ter chorado, de ter demonstrado o quanto gostava dele e o quanto seria difícil esquecê-lo. Lamentou-se por ter sido tão "fraca" e por ter deixado que ele "saísse por cima" da situação.
Por alguns instantes fiquei a pensar se deveria manifestar a minha opinião - tão contrária à dela - naquele momento, ou se deveria deixar para um momento menos emocional. Mas concluí que, justamente por estar tão mobilizada, talvez fosse aquela a hora de perceber o quanto a transparência e a manifestação do coração eram importantes e humanas.
Comecei por questionar a razão pela qual a maioria das pessoas acredita que demonstrar um sentimento verdadeiro, expor o coração e especialmente chorar diante do outro é ser fraco, é ser um perdedor, é ficar por baixo, inferiorizado e diminuído? Não seria exactamente o contrário?
Será que inverter as aparências é realmente um sinal de fortaleza ou de superioridade? Será que erguer os escudos, dizer coisas mesquinhas e apontar as armas ao outro é realmente a melhor maneira de nos sentirmos bem, aliviados e satisfeitos diante de uma circunstância onde, na verdade, o coração está a sangrar, a doer, a sofrer?
Até entendo o medo de voltarmos a ser "atacados" no momento em que baixamos nossas armas, mas a verdade é que, cada dia mais, quando um coração - diante de outro - se rende, quase que inevitavelmente, está desarmado pela subtileza de sua grandeza, de sua verdade. Ou seja, quando demonstramos o que realmente estamos a sentir, seja este sentimento recíproco ou não, o outro não se atreve a nos machucar mais.
Muitos de nós somos dotados de uma inteligência afectiva que nos faz reconhecer a coragem de alguém que, apesar de seu medo, se despe de seu orgulho, de sua arrogância, deste desejo mesquinho de querer parecer "o vencedor", e simplesmente é gente, com todas as limitações que esta condição lhe confere.
Porque quando baixamos o tom de voz, embargada por uma dor que é intransferível, quando não nos escondemos atrás de frases-feitas, de acusações incessantes e de uma postura medíocre e artificial, o que fica à mostra é uma alma que segue seu destino com humildade e dignidade, e um coração que se recusa a andar na contramão dos sentimentos ...
Felicidades.

18/4/07 18:40  

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