Silêncio

Um pouco menos de 300 km em total silêncio. Foi assim o meu regresso de Viseu, ontem de manhã, depois de um fim-de-semana que foi quase perfeito e demasiado curto. Não que viesse para baixo chateado ou aborrecido, mas sobretudo porque vinha com a sensação de ficar para trás um pouquinho de mim.

Eu já sabia, quando subi na sexta-feira, que no domingo, logo pela fresquinha, deveria fazer o trajecto ao contrário, para vir trabalhar. Mas nos últimos instantes do casamento da Marta e do Cado, quando já éramos poucos sentados a uma mesa a conversar e a tentar prolongar aquele momento por mais alguns minutos, senti cá dentro aquele aperto no coração. Um nó no estómago que não me deixava esquecer que, no dia seguinte, ia ter que deixar Viseu, deixar os amigos, deixar um sorriso e um olhar...

Não tive tempo de me despedir de toda a gente no domingo. Quando deixei o Luis lá na igreja, deu para distribuir uns últimos abraços pelo pessoal que lá estava a preparar o louvor e os derradeiros detalhes para o culto. Só queria é que pudesse ter lá estado um sorriso e um olhar para um até breve, mas tive que vir embora porque fazia-se tarde... Foram apenas 10 minutos e a última coisa que disse foi: "Uma boa semana a todos. Até breve se Deus quiser". Depois disso, só em Lisboa, para avisar os meus pais que já estava perto de casa.

Viseu, embora queira salvaguardar as devidas proporções, começa a ser para mim um pouco como Água de Madeiros. Um local para onde vou com ansiedade e para o qual anseio sempre regressar. Quem sabe, dentro de um futuro mais próximo, possa finalmente chegar o dia em que não terei que vir embora e possa simplesmente por lá ficar. Ficar em Viseu, ficar naquela igreja, junto dos amigos, daquele sorriso e daquele olhar...

Desculpem a pouca inspiração, mas este foi mesmo para desabafo.

"A lealdade e o respeito são uma forma de vida"
Aniki