O circo está montado!
Antes de mais, quero deixar bem claro que todas as opiniões expressas nesse blog, e particularmente neste post, são minhas e apenas minhas!
Posto isto, quero ainda deixar bem claro que não fazia a mínima intenção de abordar este assunto aqui, não só pelo facto de ser polémico (e eu não ando à procura disso), como acredito que discutir o aborto é, por si só, uma perfeita idiotice.
Eu sou contra... contra os defensores do 'SIM' e contra os defensores do 'NÃO'! Nos últimos dois dias houve momentos em que, ao passar pela RTP e pela SIC, só me apeteceu entrar pelo ecrã a dentro e partir para a violência...
Acho incrível que num país, supostamente democrático (e reforço o supostamente), uma pessoa possa ser catalogada/insultada/achincalhada por ter, vejam bem, uma opinião!! Não me importa se esta opinião pende para o 'SIM' ou para o 'NÃO'. A verdade é que dos dois lados da barricada - e é disso que se trata, de uma guerra de trincheiras -, voam insultos sempre que se debate o tema e alguém ousa (!!) dizer o que pensa.
Para os 'defensores do SIM', quem vota NÃO é retrógrada, é fachista, é obscurantista, é um saudosista de Salazar e seus amigos, e por aí vai...
Para os 'defensores do NÃO', quem vota SIM é um assasino de bebés, um monstro, uma pessoa sem coração, e por aí vai...
Agora digam-me honestamente: quem é que, e falando de uma pessoa que não vai ao sabor do vento e muda de opinião como muda de par de meias, chega a um debate pensando "Eu mudo de opiniões se ouvir aqui algo que me convença"? Perdoem-me que o diga, mas se alguém faz isso, então este alguém tem tanta profundidade e solidez de opinião como uma casa construída mesmo por cima de uma falha sísmica!
O que muita gente parece não ter percebido, é que por muito que se debata e se discuta e se queira impôr ideias e tentar com que os outros votem segundo a nossa opinião, este referendo, acredito que mais do que qualquer outro, é um assunto pessoal! Vai de cada um, segundo convicções, crenças, fé, o que lhe queiram chamar, votar e exprimir aquilo que sente.
Eu, infelzimente e porque não me inscrevi a tempo nos cadernos eleitorais da minha área de residência, não poderei votar. Mas se pudesse, gostava que a votação fosse já amanhã. Não só porque sei o que vou votar (e não preciso que líderes partidários, elementos de grupos pró-SIM ou pró-NÃO, a Igreja, amigos ou a sociedade me digam o que deve ser o meu voto), mas como acredito que toda esta palhaçada, desculpem-me o termo mas é disso que se trata, não está a ajudar a esclarecer o que quer que seja.
Mais indignado fico quando leio esta notícia (por acaso publicada no jornal onde trabalho) e vejo confirmada a ideia de que a cobardia política do actual Primeiro Ministro é ainda mais flagrante. Cobardia política porque se queria, de facto, mudar alguma coisa na Lei, podia perfeitamente chegar-se à frente e levava o assunto para discussão na A.R. Mas não, vamos antes colocar o assunto na mão de um Zé Povo na sua grande maioria ignorante e depois levamos a nossa à melhor.
Diz o Sr. Sócrates que o 'SIM' será vinculativo mesmo que vença com uma abstenção superior aos 50%. Tanto quanto me lembro, os pressupostos à partida para este debate eram outros (ainda me lembro do Manuel Alegre a clamar por uma ratificação dos resultados mesmo que a abestenção comparecesse...) e pedia-se que, para ser vinculativo, o que resultasse do referendo tivesse que ser uma vitória com menos de 50 por cento de abstenção.
Rica democracia onde um tipo sem coragem para assumir os riscos políticos de levar à A.R. uma proposta de lei, vem agora dizer que não importa as condicionantes, o que queremos é a vitória do 'SIM' a qualquer custo. Mesmo que para isso se pise e cuspa em cima de 30 anos de democracia... Bem, espero é que o Sr. Sócrates também saiba respeitar os resultados com todo este sentido democrático se for o 'NÃO' a receber mais votos... É simplesmente patético...
E para terminar, porque o post já se vai fazendo longo, creio que o aborto é "um tema da moda" e como tal, o que não falta por aí é muita 'Maria-vai-com-as-outras' para permitir aos partidos tirarem dividendos políticos de um tema que pede sobretudo ética.
Senhoras e senhores, queiram acomodar-se nos vossos lugares porque vem aí o circo!!! Tristeza...
"A lealdade e o respeito são uma forma de vida"
Aniki
Posto isto, quero ainda deixar bem claro que não fazia a mínima intenção de abordar este assunto aqui, não só pelo facto de ser polémico (e eu não ando à procura disso), como acredito que discutir o aborto é, por si só, uma perfeita idiotice.
Eu sou contra... contra os defensores do 'SIM' e contra os defensores do 'NÃO'! Nos últimos dois dias houve momentos em que, ao passar pela RTP e pela SIC, só me apeteceu entrar pelo ecrã a dentro e partir para a violência...
Acho incrível que num país, supostamente democrático (e reforço o supostamente), uma pessoa possa ser catalogada/insultada/achincalhada por ter, vejam bem, uma opinião!! Não me importa se esta opinião pende para o 'SIM' ou para o 'NÃO'. A verdade é que dos dois lados da barricada - e é disso que se trata, de uma guerra de trincheiras -, voam insultos sempre que se debate o tema e alguém ousa (!!) dizer o que pensa.
Para os 'defensores do SIM', quem vota NÃO é retrógrada, é fachista, é obscurantista, é um saudosista de Salazar e seus amigos, e por aí vai...
Para os 'defensores do NÃO', quem vota SIM é um assasino de bebés, um monstro, uma pessoa sem coração, e por aí vai...
Agora digam-me honestamente: quem é que, e falando de uma pessoa que não vai ao sabor do vento e muda de opinião como muda de par de meias, chega a um debate pensando "Eu mudo de opiniões se ouvir aqui algo que me convença"? Perdoem-me que o diga, mas se alguém faz isso, então este alguém tem tanta profundidade e solidez de opinião como uma casa construída mesmo por cima de uma falha sísmica!
O que muita gente parece não ter percebido, é que por muito que se debata e se discuta e se queira impôr ideias e tentar com que os outros votem segundo a nossa opinião, este referendo, acredito que mais do que qualquer outro, é um assunto pessoal! Vai de cada um, segundo convicções, crenças, fé, o que lhe queiram chamar, votar e exprimir aquilo que sente.
Eu, infelzimente e porque não me inscrevi a tempo nos cadernos eleitorais da minha área de residência, não poderei votar. Mas se pudesse, gostava que a votação fosse já amanhã. Não só porque sei o que vou votar (e não preciso que líderes partidários, elementos de grupos pró-SIM ou pró-NÃO, a Igreja, amigos ou a sociedade me digam o que deve ser o meu voto), mas como acredito que toda esta palhaçada, desculpem-me o termo mas é disso que se trata, não está a ajudar a esclarecer o que quer que seja.
Mais indignado fico quando leio esta notícia (por acaso publicada no jornal onde trabalho) e vejo confirmada a ideia de que a cobardia política do actual Primeiro Ministro é ainda mais flagrante. Cobardia política porque se queria, de facto, mudar alguma coisa na Lei, podia perfeitamente chegar-se à frente e levava o assunto para discussão na A.R. Mas não, vamos antes colocar o assunto na mão de um Zé Povo na sua grande maioria ignorante e depois levamos a nossa à melhor.
Diz o Sr. Sócrates que o 'SIM' será vinculativo mesmo que vença com uma abstenção superior aos 50%. Tanto quanto me lembro, os pressupostos à partida para este debate eram outros (ainda me lembro do Manuel Alegre a clamar por uma ratificação dos resultados mesmo que a abestenção comparecesse...) e pedia-se que, para ser vinculativo, o que resultasse do referendo tivesse que ser uma vitória com menos de 50 por cento de abstenção.
Rica democracia onde um tipo sem coragem para assumir os riscos políticos de levar à A.R. uma proposta de lei, vem agora dizer que não importa as condicionantes, o que queremos é a vitória do 'SIM' a qualquer custo. Mesmo que para isso se pise e cuspa em cima de 30 anos de democracia... Bem, espero é que o Sr. Sócrates também saiba respeitar os resultados com todo este sentido democrático se for o 'NÃO' a receber mais votos... É simplesmente patético...
E para terminar, porque o post já se vai fazendo longo, creio que o aborto é "um tema da moda" e como tal, o que não falta por aí é muita 'Maria-vai-com-as-outras' para permitir aos partidos tirarem dividendos políticos de um tema que pede sobretudo ética.
Senhoras e senhores, queiram acomodar-se nos vossos lugares porque vem aí o circo!!! Tristeza...
"A lealdade e o respeito são uma forma de vida"
Aniki
6 Comments:
Concordo com tudo o exposto e assino em baixo.
E ainda relevo que a pergunta a que vamos responder, está mal feita: Somos a favor ou contra a DESPENALIZAÇÃO da mulher que faz o aborto?
Isto é: precisa colocar na cadeia ?
Não esqueças que há genuínamente muita gente desinformada por este Portugal fora, nomeadamente sobre a pergunta que vai ser referendada. E também há genuínamente algumas mudanças de opinião. De resto, é verdade que isto está a ser usado como manobra política. Ria-me a bandeiras despregadas se a manobra 'backfired'.
Tiago,
em 1998 ao se achar uma questão delicada e fracturante na sociedade, por proposta de Marcelo Rebelo de Sousa, o aborto foi levado a referendo. Na altura o povo mostrou-se desinteressado - tal como acontece desde a década de oitenta - e só 1/3 dos cidadãos foi votar. Ganhou o Não.
Hoje, aqueles que perderam há nove anos querem levar outra vez a lei para a frente. Mas há que reconhecer aqui que o Primeiro-Ministro se opôs à extrema esquerda que queria a coisa aprovada na AR (por haver maioria de esquerda) mas José Sócrates acertou: Uma decisão do povo só pode ser revogada pelo povo. Não é cobardia, é sensatez! O que é triste é que a decisão de '98 tenha tido tão pouca validade!
Abraço.
P.S.- Já agora, fiquemos certos que se o Sim ganhar este será o último referendo. Estes só existem enquanto perderem.
Eu até escrevi um comment:
> sobre os menos de 10% de indecisos
> manifestação pública de voto e campanha pela sim do socrates
> a abstenção de campanha do guterres em 98 pelas orelhas quentes do Vitor Melícias
> dificuldade de passar a lei na AR sem existência de disciplina de voto partidária... (e pelo facto de que o PS perderia as próximas 20 eleições)..
> etc...
mas o IE7 achou por bem desligar a webpage, portanto, Porra para a microsoft e tenho pena que alguns dos programas da empresa de Bill Gates não tivessem sido abortados à nascença...
És da resistência, pá! Firefox rula.
O Luisão é que sabe (e eu também...)!
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