2006-12-23

Eu não dou prendas!

Oito dias depois da minha última passagem pelo blog, cá estou eu de volta. A semana não foi má, até mesmo lá no trabalho (quem diria...). A pressão que habitualmente se verifica por esta altura do ano, devido à escassez de notícias no mundo da bola, tem estado bastante em baixo. Aliás, devo confessar que até cheguei a sentir aquela satisfação que andava desaparecida de ser um jornaleiro...

Enquanto vou escrevendo, tenho a televisão ligada e o destaque da abertura do telejornal da SIC é que os portugueses estão a gastar seis milhões de euros, por hora, nestas compras de Natal. Vou ser honesto e dizer-vos que neste capítulo, posso ser considerado um verdadeiro forreta. Passo a explicar: eu não consigo compreender a ansia que as pessoas têm em entrar num centro comercial, a rebentar pelas costuras, para comprar um sem fim de prendas, torrando ali o ordenado, o 13.º e, em muitos casos, até o que não têm para gastar!

Eu não peço prendas. Porquê? Porque também não as dou... E não me considero um monstro ou um tipo que não gosta dos seus familiares e amigos por não fazê-lo. Quando quero uma prenda, e se tiver dinheiro para tal, vou lá e compro. Há um ano, ofereci-me o portátil no qual agora escrevo. Este ano, vou aproveitar a manhã do dia 26 para ir comprar algo de que preciso (calças, polos e um calçado próprio para esta altura fria do ano). Mas isso nem considero prenda, mas sim necessidade.

Que o mundo é consumista, todos nós sabemos. Mas também há que dizer que no nosso meio, entre os próprios cristãos, há muita hipocrisia. Claro que quando nos perguntam o que é Natal, saímos logo com o discurso nascimento do Salvador, condenamos o despesismo exagerado que se verifica nesta quadra... Mas a verdade é que a maioria das pessoas crentes que conheço não passa sem uma ida ao shopping para comprar, comprar, comprar... Prendas para os pais, os irmãos, os primos, os amigos, o gato, o cão, o piriquito, o cágado, etc, etc...

Sabem o bom disto tudo? É que nos primeiros dias de Janeiro lá teremos outra vez as notícias da crise, das pessoas a queixarem-se na TVi que não têm como sobreviver, dos trabalhadores que se queixam de ganhar pouco, do facto de o poder de compra ter diminuído... Num país de "faz de conta", a imagem continua a ser o aspecto mais valorizado e se não temos o que tem o vizinho somos uns falhados.

A propósito do Natal, queria aqui trazer à discussão uma citação do jovem Bartholomew J. Simpson (sim, o Bart), durante um especial de Natal dos 'The Simpsons': "Aren't we forgeting the true meaning of Christmas? You know, the birth of Santa".
Vai uma aposta que nas escolas deste país já há quem pense asim?

"A lealdade e o respeito são uma forma de vida"
Aniki