2006-07-22

Autocomiseração

Há palavras que deveriam ser afixadas na rua para obrigar as pessoas a perceberem certas coisas. Uma delas dá pelo nome de "autocomiseração"... Para quem não sabe, e em termos mais usuais entre o comum dos portugueses, trata-se da famosa máxima "somos uns coitadinhos". E acreditem que é mesmo uma arte, reles, porém arte. Ora senão vejam...

A autocomiseração permite a uma pessoa fazer esquecer eventuais erros, falhas, culpas e afins, simplesmente ao enveredar pelo "acto ou efeito de sentir pena de si próprio". Uma prática que eu qualificaria de abjecta, já que mostra apenas falta de coragem de assumir/encarar/enfrentar as consequências de um acto, de uma palavra, de uma decisão...

Tomemos um exemplo: o João (nome fictício) e a Maria (outro nome fictício) acabam um namoro por decisão dela. Entre idas e vindas, entre desistências e tentativas de regresso, as coisas tornam-se irremediáveis. Conseguem ver aqui alguma vítima? Eu não, até porque praticamente tudo o que um dia começa, um dia acaba. Também pensou o João o mesmo quando seguiu o caminho dele...

No entanto, a Maria, qual jornalista da TVi no jornal da noite, achou a vítima: ela! Um mundo caído, destroçada, sem consolo (Será mesmo assim? Não há tanto 'anjo' por aí à espera de consolar corações maltratados?), a sofrer com múltiplas doenças e a padecer de diversos males... "A culpa de tanto sofrimento?", pergunta ela. Quem disse João, acertou em cheio! No caso dele, a autocomiseração passou por uma decisão, da qual não se desviou... Sem mundo caído, sem destroços, sem consolos e outras tragédias.

Fritz Künkel, psicólogo (até parece feito de propósito) alemão, disse em certa ocasião: "O ser maduro, o ter carácter, o ser adulto significa encarar, e não evitar, cada nova crise que aparece".
Não concorda?

É como eu digo...
"A lealdade e o respeito são uma forma de vida"
Aniki